REANP de Língua Portuguesa // Professora: Joissy Borges // Data: 17/05/2021

 

Escola Municipal Justiniano José Machado.

Data: 17/05/2021

Disciplina: Língua Portuguesa

Professora: Joissy Borges da Silva

Conteúdo: Leitura e interpretação de texto.

Aluno ( a ): ________________________________

Série: 8º Ano _____

            

v Leia o texto “O príncipe infeliz e as abóboras desprezadas”, copie e responda às questões no caderno.

 

                 O príncipe infeliz e as abóboras desprezadas

Ifá morava no Orum, o Céu dos orixás, mas os odus viviam perto do Aiê, o mundo dos humanos. Depois da primeira reunião na casa de Ifá, que havia sido tão desastrosa, os príncipes do destino seguiram o caminho para o Aiê. Todos menos Obará, que não tinha ido, porque seus quinze irmãos se esqueceram de levá-lo. Talvez o tivessem esquecido de proposito, uma vez que Obará só falava de coisas ruins, além de ser pobre e não ter alegrias na vida, o que lhe valera o epíteto de Príncipe Infeliz.

Cada um levava nas costas a abobora ganha de Ifá. E como nenhum deles gostava de abóbora, o peso do fruto só lhes dava cansaço e mau humor. Estavam chegando ao seu país e a fome apertava, mas abóbora eles não iam comer, ah! Isso não. Alguém então se deu conta de que estavam já bem perto da casa de Obará.

“Vamos comer na casa de Obará?”, alguém propôs.

“Alguma coisa melhor que abóbora nosso amado irmão ha de ter em sua casa, assim espero”, completou outro odu.

 Saíram todos correndo para a casa do Príncipe Infeliz, levando cada um sua abóbora nas costas, pois não iam largar na estrada um presente de Ifá, mesmo que não apreciassem nada de seu sabor.

Foram acolhidos com grande alegria por Obará. Obará nunca recebia ninguém, ninguém o visitava. Ao contrário, todos o evitavam. E de repente, sem nenhum aviso, os seus quinze irmãos entravam em sua casa. Que alegria, que contentamento!

“Vejo que vindes de longe, estais cansado”, disse Obará depois de abraçar cada um dos irmãos.

“Imagino que estais famintos.” Ordenou às mulheres da casa que trouxessem água fresca e panos limpos em grande quantidade.

“Lavai-vos dessa poeira da estrada e depois vamos comer, vamos festejar.”

Obará era pobre e o que tinha de comida em casa nem daria para alimentar os ratos que fuçavam na despensa. Mas a alegria de ter os irmãos em casa era incontida.

Ordenou à esposa que fosse correndo ao mercado, que tomasse dinheiro emprestado, que pedisse fiado, e que comprasse tudo o que pudesse agradar ao paladar de um príncipe faminto, porém exigente.

Coitado de Obará, ia ficar ainda mais pobre, mais endividado, mais enrascado na vida. Era assim o destino de Obará, era essa a sina dos afilhados desse príncipe do destino. Perdiam tudo, mas não aprendiam nunca, sempre se metendo em novos apuros e apertos.

E então lá se foi a mulher de Obará ao mercado, de onde voltou acompanhada de muitos ajudantes carregados de cabritos, leitões e frangos. Traziam também balaios de inhame, feijão e farinha, potes de azeite-de-dendê, porções de sal, vasilhas de pimenta, postas de peixe e peneiras de camarão, garrafas de vinho, litros de cerveja.

E o banquete que foi preparado e comido nunca mais seria esquecido por ninguém do lugar. Os príncipes comeram até se fartar, comeram bem como nunca tinham comido antes.

Terminado a comilança, os odus despediram-se do irmão e prometeram voltar mais vezes, pois comida deliciosa e farta como aquela não havia.

De barriga cheia como estavam então, não deram conta de levar suas desprezíveis abóboras e as largaram todas abandonadas no quintal de Obará.

Os príncipes partiram e Obará ficou sozinho. Sua mulher limpando os restos da principesca comilança, as abóboras abandonadas abarrotando o quintal, os credores já ameaçando bater à sua porta.

Quando no dia seguinte todos os mercadores do lugar se recusaram a vender fiado a Obará o que quer que fosse antes que ele pagasse o que devia, faltou de novo comida na mesa de Obará.

Conformado, ele disse à mulher: “Vamos comer abóbora”.

Foi até o quintal onde os príncipes abandonaram as abóboras e com uma faca partiu uma que lhe parecia bem madura. A abóbora estava recheada de pepitas de ouro!

Obará, boquiaberto, abriu a segunda abóbora, no lugar das sementes, diamantes, enormes. A outra trazia pérolas e a seguinte, esmeraldas. Obará estava enlouquecido.

Ele gritava, dançava, gargalhava, abraçava a mulher e ia abrindo as abóboras.

Foi assim que Obará se transformou no mais rico dos príncipes do destino, ele gosta muito de contar essa sua história.

Foi assim que Obará se transformou no mais respeitado, invejado e querido de todos os viventes de sua terra, o mais desejado de todos os padrinhos.

Todos os pais e mãe querem que seus filhos tenham Obará para seu odu. Nunca mais ele foi chamado de Príncipe Infeliz. Pois o odu Obará é o odu da riqueza inesperada.

Suas histórias agora falam também de prosperidade, de muito dinheiro e bem-estar material, contam de ganhos, conquistas, vitorias e finais felizes.

Mas para alcançar tamanho sucesso, além da proteção do padrinho Obará, é preciso ter o coração bom (ou, como dizem alguns, ter o juízo um pouco mole), como tem Obará.

Foi o próprio Obará que, com muita alegria, contou essa história na segunda reunião com Ifá, tendo sido ajudado pelo príncipe Ejiocô, que enfatizava as passagens mais interessantes. Seus irmãos permaneceram quietos e cabisbaixos enquanto Obará se divertia com a narrativa.

Mas ao final, quando o banquete foi servido, um grande contentamento voltou a tomar conta de todos na casa celeste de Ifá.

 

1) Quem são os personagens da história?

 


2) Identifique a morada de Ifá e dos odus.

 


3) Qual conflito desencadeou todos os fatos ocorridos com Obará?

 

4) Releia este trecho:

     “Mas para alcançar tamanho sucesso, além da proteção do padrinho Obará, é preciso ter o coração bom (ou, como dizem alguns, ter juízo um pouco mole), como tem Obará.”

 

a) A opinião acima é de uma das personagens da história ou do narrador?

 


b) Indique a alternativa que melhor explica a ideia transmitida nesse trecho.
I. O destino do ser humano depende somente dos deuses e não exige nenhum esforço para o recebimento de qualquer auxílio.
ll. Para vencer as dificuldades do destino e atingir o sucesso, o ser humano precisa ser bom
lll. Nosso destino depende dos deuses, mas exige atributos e atitudes, como ser bom.

 

c) Explique o que seria, nesse contexto, “ter o juízo um pouco mole”.

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